28 de fevereiro de 2013

Universo de Nelson Rodrigues e os dilemas humanos são retratados na peça “Bonitinha, Mas Ordinária”, que reestreia este fim de semana em Salvador


Vista por mais de cinco mil espectadores em apenas 6 semanas, espetáculo volta a cartaz na Sala do Coro do TCA, de sexta a domingo, para nova temporada


foto de Diney Araújo / Divulgação


O espetáculo de formação da turma de 2012 da Escola de Teatro da Ufba alcançou honras de montagem profissional. Afinadíssimos, os alunos dirigidos por Luiz Marfuz estrearam em dezembro passado, em comemoração ao centenário de nascimento de Nelson Rodrigues, e fizeram nova temporada em janeiro deste ano. Do público, tiveram o reconhecimento através dos ingressos esgotados em todas as sessões. Não à toa, a convite do próprio Teatro Castro Alves, “Bonitinha, mas ordinária”  reestreia na próxima sexta-feira, 1º de março, às 20h, na Sala do Coro do TCA, reforçando as comemorações do Mês do Teatro.

Na peça, o dilema do jovem Edgard, que tem de escolher entre o casamento por dinheiro ou por amor. Apaixonado pela vizinha Ritinha, que supostamente professora sustenta a mãe louca e as três irmãs, Edgard recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, filha
de Werneck, seu patrão, a fim de livrá-la do status social de desonrada, na condição de vitima de estupro e não mais virgem. A trama gira em torno das hesitações de Edgard e tem, como todo texto rodriguiano, tensões e desfechos surpreendentes, evidenciando a hipocrisia e falso moralismo da classe média, coisas que o autor soube muito bem explicitar em suas peças e romances.

Nelson Rodrigues expõe, através dos diálogos contidos na peça, ideias fixas e dilemas sobre o caráter do ser humano. Frases como “o mineiro só é solidário no câncer” ou “no Brasil quem não é canalha na véspera é no dia seguinte” debatem a grande crise ética que permeia a sobrevivência no sistema capitalista.


Luiz Marfuz orquestra 12 atores em cena                                                                                                                                                          


A estética do espetáculo flerta com o Tropicalismo, transita entre os movimentos artísticos inovadores da década de 60 (instalação, dança-teatro, performance) e a contemporaneidade. Cores quentes retratam a explosão do desejo presente em todos os personagens. “Há um enfrentamento de cores”, diz Marfuz, explicando o choque proposital dos tons primários em cena, a fim de explorar as situações extremadas descritas por Nelson Rodrigues.

A trama é a mesma, o que muda é a forma de contar a história. Um revezamento entre o trágico e o cômico marca toda a peça, uma espécie de luta selvagem para escapar da desgraça. Bonitinha, mas ordinária é uma das raras peças com final feliz de Rodrigues, uma afirmação da necessidade da ética, do amor e da civilidade deste, que sempre entendeu a vida trágica, mas cheia de graça.

Além de elogiar seu elenco composto por 12 atores (ver ficha técnica), Marfuz destaca a coreografia de Paco Gomes, o cenário de Rodrigo Frota e a direção musical de Luciano Bahia, que ora cita trechos de músicas conhecidas, ora recria canções especialmente para a trilha sonora de Bonitinha, mas ordinária. O espetáculo pode ser conferido nos fins de semana do mês de março, até o dia 24, de sexta a domingo, sempre às 20h, na Sala do Coro do TCA.


SERVIÇO:


BONITINHA, MAS ORDINÁRIA - peça estreia nova temporada em março
Sala do Coro do Teatro Castro Alves
De 1º a 24 de março de 2013 - sexta a domingo, sempre às 20h
Ingressos*: R$20 (inteira) (com meia-entrada válida para estudantes, idosos acima de 65 anos e demais casos previstos em Lei)


*à venda nas bilheterias do TCA (tel: 71 3535-0600) e SACs dos shoppings Barra (71 3264-5955) e Iguatemi (71 3450-5922). Horário de atendimento: de 2a a 6a feira, das 12h às 17h30; sábados, das 8h às 12h30.


Lotação: 196 lugares (acesso para cadeirantes)
Duração da peça: 80min
Classificação indicativa: 18 anos

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